PurpleKiss: a dobradinha rock’n’roll que agitou Brasilia

2:35 PM

Duas bandas ícones do rock'n'roll proporcionaram uma noite histórica 

Texto: Fernanda Cristina 

Parafraseando o meme, o roqueiro brasiliense não tem um dia de shows. Ou melhor, não tinha, pois aos poucos essa realidade, felizmente, está mudando. Os grandes espetáculos estão voltando com força para a capital federal. Ano passado tivemos The Killers, em novembro teremos Red Hot Chili Peppers e ontem tivemos, apenas, Deep Purple e Kiss despejando o melhor do rock’n’roll em terras brasilienses. 

Os portões do Mane Garrincha foram abertos as 18h00 e os fãs correram desesperadamente para garantir o melhor lugar para ver as lendas de perto. Afinal, não é todo dia que se tem a chance de conferir a apresentação de duas das maiores bandas de rock de todos os tempos, não é mesmo?

Às 20h15 a espera finalmente acabou e os caras do Deep Purple subiram ao palco. Sem enrolação, já mandaram as clássicas “Highway Star” e “Pictures of Home”, para delírio da galera, e “No Need to shout”, de seu trabalho mais recente. 

Ian Gillian, entre uma musica e outra, soltava um “obrigado” e agradecia pelo carinho do público, que correspondia às declarações do vocalista. 

Para não deixar os ânimos esfriarem, mais uma leva de hits veio em seguida com “When a Blind Man Cries”, “Anya”, “Perfect Strangers” e “Space Truckin” mantendo o alto nível do setlist. Durante a execução das músicas, o guitarrista novato Simon McBride aproveitava para mostrar ao mundo seus solos de guitarra provando porque é digno de ocupar o cargo no Deep Purple. 

Mas sem dúvida, um dos pontos altos do show foram os solos de teclado de Don Airey. O cara estraçalhava o instrumento sem dó e nem piedade. E fazia isso com a tranquilidade de quem não estava fazendo nada de mais, com direito a um tributo aos brasileiros emendando conhecidas canções nacionais como “Brasileirinho” e “Tico Tico no Fubá” no medley. Nem precisa dizer que o publico adorou a homenagem. 

“Smoke on the Water”, maior sucesso da banda, não poderia ficar de fora. Nesse momento Ian Gillian nem precisou se preocupar com os vocais, pois a arena inteira cantou em uníssono esse hino imortal do rock. Os caras ainda voltaram para um bis com “Hush” e “Black Night”, outro sucesso, para fechar com chave de ouro a apresentação curta, mas perfeita para aquecer o publico para o que estava por vir. 


Depois de quase uma hora de uma longa espera que parecia não ter fim, chegou o momento que todos ansiavam. No telão, os quatro mascarados se preparavam para subir ao palco ao som daquela frase que todos conhecem “YOU WANTED THE BEST, YOU GOT THE BEST! THE HOTTEST BAND IN THE WORLD!!” Eis que as cortinas caem e lá estão Gene Simmons, Paul Stanley, Tommy Thayer e Eric Singer suspensos por uma plataforma saudando o público ensandecido com seus canhoes de fogo e começando os trabalhos com “Detroit Rock City”. A festa estava só começando. 

Para uma banda com meio século de carreira, a falta de hits nem de longe é um problema para o Kiss. Logo após a primeira música, vieram as conhecidíssimas “Shout it Out Loud”, “Deuce”, “War Machine”, “Heaven’s on Fire” e “I Love it Loud”, uma pedrada atras da outra com direito a Gene Simmons cuspindo fogo no final. Os fãs iam à loucura com cada gesto do deus do trovão. 

E vocês pensam que acabou? Nada disso! “Say Yeah”, “Cold Gin”, seguido por um solo eletrizante de Tommy Thayer, e “Lick it Up” vieram em seguida, mantendo a temperatura e a energia lá nas alturas. 

Gene Simmons, o eterno “The Demon”, em um de seus (muitos) momentos de destaque, durante a execução de “God of Thunder” foi içado ao topo do palco, onde fez seus famosos malabarismos com a língua enquanto cuspia sangue. Foi a pura magia do rock teatral, meus amigos!

Aliás, é difícil escolher qual foi o ponto alto do show, pois shows do Kiss são “pontos altos” do começo ao fim. O palco cinematográfico, os efeitos pirotécnicos, os jatos de fumaça, o carisma dos integrantes... Alias, Paul Stanley era o mais empolgado na hora de interagir com o público. Não economizava nas palavras e na animação na hora de tocar cada música. E para o delírio da multidão, o cara subiu numa tirolesa e voou por cima do publico ate chegar em um palco improvisado para tocar as incendiárias “Love Gun” e “I Was Made for Loving You”.  

Quase no final do show, para dar aquela desacelerada nos corações, Eric Singer surge em um piano tocando a melancólica “Beth”, que foi acompanhada pelos celulares acesos do público entrando no clima da baladinha. 

E para fechar com chave de ouro e sacramentar esse momento inesquecível, “Do You Love Me” e a icônica “Rock and Roll All Nite” foram despejadas na sequência pelos caras. O chão tremeu, os fãs ficaram malucos e a banda destruiu tudo! E assim, sob uma chuva de papel picado e fogos de artificio, terminou mais uma apresentação lendária da turnê de despedida da banda mais quente do planeta. 

Em entrevista recente, Gene Simmons afirmou que “quando se vai ao show do Kiss, mesmo que não goste da banda, você vai se lembrar dele pelo resto da vida.” De fato, isso é uma verdade. Certamente quem esteve no Mane Garrincha no dia 18/04/2023 guardará com carinho na memória (e até contará para os netos) esse showzaço digno de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos.

Posts Que Talvez Você Goste

0 comentários

Não esqueça de deixar seu comentário! Ele é muito importante para nós!