Leite de Pedra, novo disco da Escambau, é a melhor metáfora sobre a trajetória da banda

1:11 PM

Escambau - Foto: Eduardo Moura
10 anos na estrada, lançando o quinto álbum, a banda curitibana quer celebrar com o trabalho mais rock’n’roll de sua discografia

Por: Ingrid Natalie (instagram: @femalerocksquad)

A definição da expressão 'Escambau' se encontra em uma mistura de várias coisas e podemos dizer que a banda curitibana faz jus ao nome. O quinteto formado  Giovanni Caruso (voz e guitarra), Maria Paraguaya (voz, percussão e sintetizador), Zo (guitarra), Yan Lemos (baixo e voz) e Yuri Vasselai (bateria) traz em sua sonoridade elementos do rock argentino, rock de garagem e até mesmo do rock inglês. A experimentação está no DNA do grupo que vêm ganhando destaque no cenário independente. Afinal, é necessário muito talento para combinar gêneros e ritmos tão distintos sem gerar cacofonias ou esteriótipos e ainda sim conseguir um resultado tão original.

Nascido em 2009, Escambau já carrega em sua discografia cinco álbuns de estúdio: "Acontece nas Melhores Famílias" (2009), "Ordem e Progresso via Pão & Circo" (2011), “Novo Tentamento” (2014) , "Sopa de Cabeça de Bagre" (2017) e o mais recente "Leite de Pedra" (2019). O novo registro do quinteto curitibano é uma celebração pelos 10 anos de existência e o mais rock'n'roll da carreira. As nove faixas que integram o disco foram gravadas com baixo, guitarra, bateria e teclados. É um som mais cru, visceral e com novos timbres de guitarra escolhidos para serem trabalhados. A arte da capa é a foto de uma escultura assinada pela vocalista Maria Paraguaya.

Uma das curiosidades sobre a gravação de "Leite de Pedra" se dá na escolha do local. Os músicos passaram cinco dias em um hotel em Antonina, no estado do Paraná, captando as vozes e instrumentos em cômodos embaixo de ruínas do século XVIII, onde funcionava uma antiga fábrica de erva mate. Todo o contexto foi explicitado em um mini documentário disponibilizado pela banda em seu canal do YouTube.

Conversamos com a banda que nos contou a respeito dos detalhes do processo de gravação e dos planos futuros. Leia:   

FRS: Primeiramente, queremos perguntar sobre "Leite De Pedra", o quinto álbum de estúdio da banda. Como foi o processo de composição e quais as principais inspirações para o disco?

Selecionamos nove canções que conversavam entre si e trabalhamos nelas durante 45 dias de ensaios regulares até a gravação do álbum, que durou 5 dias de internamento absoluto num hotel em Antonina, litoral do Paraná. A gravação foi feita em um velho galpão de erva-mate, datado do século XVIII, que está localizado dentro do Hotel Camboa. Foi fantástico, uma experiência certamente única e inesquecível.


Foto da capa: Luisa Goulart | Escultura: Maria Paraguaya
FRS: Qual o diferencial da faixa "Revoluções Diárias (Segue a tua Alegria)" que a fizeram escolher como primeiro single do novo álbum?

Sempre gostamos dessa canção, ela conversa fortemente com o povo, sem restrição, além do mais, pode se dizer que ela tem dois refrões e uma espécie de rap, o que acaba enriquecendo bastante a composição. A escolha dela como single de estreia foi unânime entre os integrantes.

FRS: Inclusive, a música também ganhou um clipe dirigido por Luciano Popadiuk. Como surgiu a ideia para o vídeo?

Na real, esse clipe foi feito de uma forma bastante emergencial, estávamos totalmente sem grana e com pouquíssimo tempo para realizar algo antes da data prevista para o lançamento do disco, também não queríamos levar mais adiante essa data, foi então que chamamos o Luciano e começamos a gravar imediatamente, assim, da maneira como estávamos vestidos no momento cantamos a música olhando pra câmera. Alguns dias depois pegamos nossos instrumentos e gravamos alguns takes no Parque Bacacheri, que fica ao lado de onde costumamos nos reunir pra ensaiar. Foi algo bem rápido, bem simples. Leite de Pedra total.


Assista ao vídeo da música "Revoluções Diárias (Segue a tua Alegria)":


FRS: Ainda sobre "Leite de Pedra", qual faixa do álbum mais representa a fase atual da banda e por quê?

Difícil essa, hein?! Pensando rapidamente, acho que quase todas. Revoluções Diárias, Leite de Pedra, Anarquia Sentimental, Inquietações, Fascista, tá tudo ali, Ruas Antigas de Pedra... Acho esse disco um retrato bem atual de nossos sentimentos como banda,  nossa alma está exposta nessas canções, não apenas no formato de poesia, mas também em melodias e arranjos, gritos de raiva e alegria, saudades, esperança, medos, enfim, deixamos nossos corações nessa obra, sem exagero. Lutamos muito para concluir esse trabalho, não caiu do céu, não foi fácil. Abrimos mão de muita coisa para conquistar o produto final e estamos muito felizes com o resultado.  

FRS: Escambau completa 10 anos de carreira em 2019. Em quais aspectos vocês sentem que a banda mais mudou?

Ah, mudou muito. Não costumamos nos prender ao que já foi feito, até porque, observando a obra do Escambau, fica muito difícil rotular um estilo específico. Sempre curtimos essa liberdade, embora, é claro, estejamos sempre nos movimentando através de uma espinha dorsal que é o Rock´n´Roll, afinal de contas, isso ainda é o que mais nos une. Acredito que estejamos vivendo nosso melhor momento, justamente nesse período comemorativo de 10 anos. Ainda sentimos muito prazer no que fazemos e gostamos de estar juntos, tocar, criar, gravar, viajar... é uma banda meio família. 

 FRS: Quais serão os próximos passos da banda para 2019?

 Queremos lançar o videoclipe de 'Fascista' e terminar de gravar nosso álbum em espanhol.

Ouça o álbum na íntegra:


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