Por: Ingrid Natalie (instagram: @femalerocksquad)

Ver Sir Paul McCartney ao vivo é um daqueles privilégios que só uma pessoa apaixonada por boa música consegue entender. O eterno baixista dos Beatles fechou a série de 3 shows na capital paulista neste último domingo (10) em um Allianz Parque completamente lotado. As apresentações fizeram parte da turnê "Got Back" e foram ainda mais especiais pela presença de companhia de parceiros de longa data Paul “Wix” Wickens (teclados), Brian Ray (baixo/guitarra), Rusty Anderson (guitarra) e Abe Laboriel Jr (bateria) e o trio de metais Hot City Horns: Paul Burton (trombone); Kenji Fenton (saxophone) e Mike Davis (trompete). 

A dinâmica deste último show em São Paulo foi bastante semelhante aos dias anteriores. Ás 20h, o telão exibiu imagens da magnífica carreira de McCartney desde Beatles, Wings e solo. Logo depois, "Can't Buy Me Love" colocou todo mundo para dançar e agitar, mesmo apesar do verdadeiro pé d'água que começou a cair e persistiu até o final do show.

Aos 81 anos de idade, Paul McCartney não tem necessidade de provar nada, mas faz questão de entregar um show de quase 3 horas, energético e repleto de carisma. O músico não poupou de realizar as suas dancinhas singulares e encantadoras, sorrisos e até arriscou algumas interações em português. 

McCartney nunca cansa também de impressionar por ser multi-instrumentista. Ele tocou baixo, guitarra, piano e ukulele com muito virtuosismo. Sem dúvidas, o pai tá muito on! O próprio McCartney disse isso.

Se não bastasse, ainda foi romântico ao oferecer "My Valentine" para a esposa Nancy Shevell.

Claro que muito do sucesso do Paul veio durante sua carreira com os Beatles. Era possível ver várias gerações na plateia com avós, pais, filhos e netos cantando em voz alta e se encantando por estar à frente de um Beatle. Até mesmo por isso, ele fez questão de incluir várias músicas dos garotos de Liverpool como as animadas "Drive My Car" e "Got Get You Into My Life" e a belíssima "Let It Be" emocionando a todos e, claro, a icônica "Hey Jude" com Paul brincando de maestro com a plateia.

As homenagens aos amigos John Lennon e George Harrison marcaram presença. Para Harrison, Paul escolheu "Something" em uma versão fantástica começando primeiro com ukulele e depois com a força da guitarra na segunda parte da música. Já para Lennon, ele tocou "Here Today". 

WINGS E CARREIRA SOLO 

Com uma discografia tão extensa como a de McCartney, fica difícil selecionar as músicas e para satisfazer todos os fãs. O período de Paul no Wings também foi extremamente importante e merecedora de ser integrada no setlist. Foram elas: "Let Me Roll It" com uma pegada rock perfeita e combinou muito bem com a introdução de "Foxy Lady" do Jimi Hendrix, "Band On The Run" manteve a  animação do público lá no alto, a clássica "Live And Let It Die" com direito a pirotecnia e "Jet" em tributo ao guitarrista Denny Lainne, companheiro de banda quando montou o grupo Wings na década de 70, que nos deixou na semana passada.

A carreira solo foi contemplada com as músicas "Come On To Me" e "Dance Tonight" onde o baterista Abe Laboriel Jr. deu um show a parte com a sua irreverência através de seu jeito de dançar. 

APOSENTADORIA? 

Rumores de aposentadoria de McCartney surgiram ao longo dos últimos dias. O jornalista Marcelo Froes publicou em suas redes sociais que a presença da esposa Nancy e a chegada das filhas mais velhas Mary e Stella reforçariam o anúncio da aposentadoria de Paul após o show no Rio de Janeiro no dia 16. Mas, a frase "até a próxima!", ao se despedir do público paulista de contramão a esse boato.

Paul McCartney segue sendo uns dos músicos mais importantes da história da música mundial e influenciando milhares de jovens músicos. A alegria estava estampada no rosto de cada uma das 48 mil pessoas presentes no Allianz Parque e que definitivamente aguardam uma próxima visita dele em terras tupiniquins.

No final, Paul deixou um repertório essencialmente Beatle tocando "I've Got A Feeling" em dueto virtual com John Lennon, "Day Tripper", "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", "Helter Skelter", "Golden Slumbers", "Carry That Weight" e "The End". A combinação música e chuva interminável certamente trouxe para o público a sensação de "alma lavada" em uma atmosfera mais orgânica sem assistir ao show através de uma tela de celular.

Presenciar o show de um Beatle é reunir a energia de gerações. E quando um estádio lotado coloca energia para cantar "Hey Jude" como um mantra, em uníssono, você se torna testemunha e parte de algo tão potente e transformador que é impossível não sair de lá impactado. É impossível não sair de lá melhor. Que sentimento!

Paul McCartney segue agora para Curitiba onde faz show dia 13/12 e conclui no Rio de Janeiro em 16/12 com transmissão das plataformas Disney e Star Plus.