Olivia Yells revive a agressividade do grunge em 'Waiting Room'

8:00 PM

Olivia Yells - Foto: divulgação

Disco de estreia da musicista paranaense traz fortes influĂȘncias de Nirvana, Alice In Chains, PJ Harvey e Hole

Por: Ingrid Natalie (instagram: @femalerocksquad) 

Olivia Yells Ă© uma excelente cantora/compositora de Curitiba – PR que iniciou a carreira autoral no ano de 2020 com dois singles: “Good Manners” em março, e “Bittersweet Lullaby” em julho. Em 2022, Olivia apresentou a poderosa mĂșsica “Name”, que nos introduziu Ă  sua nova fase. Por fim, veio o single “Tired” que preparou os fĂŁs para o lançamento do tĂŁo aguardado EP “Waiting Room” que chegou em 2023. 

A artista nĂŁo tem medo de abrir o seu coração e contar experiĂȘncias pessoais em suas composiçÔes que sĂŁo apoiadas sonoramente por desde melodias mais suaves mostrando uma vulnerabilidade bem como notas mais pesadas que expressam um sentimento mais visceral. InfluĂȘncia forte do grunge dos anos 90 como Nirvana, Alice In Chains, PJ Harvey e Hole. 

Confira a entrevista com essa excelente musicista que estĂĄ agitando a cena de Curitiba: 

FRS: Para quem estĂĄ conhecendo o seu trabalho agora, quando e como foi o seu primeiro contato com o rock'n'roll?

1. Eu acredito que meu primeiro contato com o rock n' roll tenha sido ouvindo as mĂșsicas que meus irmĂŁos escutavam. Eu sou a caçula da casa entĂŁo sempre me mantive por perto e me mostrei interessada pelos interesses deles. Outra memĂłria afetiva disso foi o Guitar Hero, meu deus, como eu amava (e ainda amo) esse jogo! Descobri ali inĂșmeras mĂșsicas que com certeza influenciaram sonoramente o começo das minhas composiçÔes. 

FRS: Como vocĂȘ se define enquanto compositora? Existe algum tipo de hĂĄbito e rotina que vocĂȘ cria pra escrever?

Olivia Yells: JĂĄ ouvi falar que tem muito compositor que consegue sentar e escrever de uma forma planejada, eu infelizmente nĂŁo sou assim. Compor Ă© uma tarefa difĂ­cil pra mim, e como eu geralmente escrevo sobre experiĂȘncias pessoais, eu preciso MUITO me sentir inspirada para escrever sobre coisas que, muitas vezes, sĂŁo extremamente desconfortĂĄveis pra mim. Geralmente essa inspiração vem quando eu tĂŽ dentro do meu quarto, em silĂȘncio -- me sinto, de certa forma, protegida para escrever. 

FRS: Quais são as suas principais inspiraçÔes?

Olivia Yells: Sonoramente eu sou bastante influenciada por artistas e bandas como PJ Harvey, Hole, L7, Queens of The Stone Age, Soundgarden e Alice in Chains. JĂĄ em questĂŁo de escrita, percebi que me vejo muito nas composiçÔes da Fiona Apple e da Mitski. 

FRS: Como surgiu o nome Olivia Yells?

Olivia Yells: Para o choque de alguns meu nome nĂŁo Ă© Olivia, esse eu puxei do meu sobrenome "Olivo" -- e eu achei que me coube bem, as pessoas dizem que eu tenho cara de Olivia. JĂĄ o Yells veio de observar o quanto eu gostava muito de ouvir mĂșsicas onde os cantores faziam notas altas, as vezes rasgadas, e eu me via tentando reproduzir elas diversas vezes... AĂ­ um dia deitei, fechei meus olhos e veio: Olivia - Yells. 

FRS: VocĂȘ estreou em 2020 com os singles “Good Manners” e “Bittersweet Lullaby”. Qual foi o seu sentimento ao perceber a boa recepção de ambas as mĂșsicas pelo pĂșblico?

Olivia Yells: Foi MALUCO. Como falei anteriormente, grande partes das cançÔes sĂŁo sobre minha vida pessoal, entĂŁo eu me senti como se estivesse abrindo meu coração pra todo mundo. Fiquei surpresa com a reação das pessoas, conheci muita gente que me acompanha atĂ© hoje, recebi feedbacks de pessoas me contando sobre o impacto que aquelas mĂșsicas causaram na vida delas e sĂł de me lembrar me emociona muito. O ano de 2020 foi pesado pra todo mundo, nunca me imaginei lançando minhas primeiras mĂșsicas em um tempo tĂŁo complicado e achei que isso pudesse afetar a minha conexĂŁo com meu possĂ­vel pĂșblico. Acabei me surpreendendo positivamente. 

FRS: Em 2023, vocĂȘ lançou o EP "Waiting Room". QuĂŁo desafiador foi pra vocĂȘ compor e gravar este novo trabalho? Como foi o processo de produção?

Olivia Yells: "Waiting Room" Ă© meu primeiro EP da vida -- ele Ă© um compilado de mĂșsicas que eu escrevi desde 2017 e todas elas retratam uma parte do meu processo de superação lidando com quebra de expectativas minhas dentro de relacionamentos. Eu lancei esse trabalho lidando com feridas abertas e isso por si sĂł jĂĄ foi difĂ­cil o suficiente. Todos os dias que entrei no estĂșdio pra produzir esse EP aprendi algo diferente, quase como se eu fosse obrigada a olhar pra tudo aquilo e dissecar cada uma das situaçÔes lentamente. A mĂșsica mais difĂ­cil de gravar foi "Goodbye Lullaby", justamente a que faz o fechamento de tudo. Essa canção foi lançada em 2020 e relançada completamente resignificada sonoramente. A mĂșsica termina comigo dizendo: "NĂŁo foi minha culpa", frase que eu adicionei para representar meu novo sentimento sobre a composição. 

capa do EP

FRS: Qual mĂșsica de "Waiting Room" mais descreve a sua fase atual e por que?

Olivia Yells: Eu diria que a "Waiting Room" Ă© bastante representativa pra mim. Essa foi a Ășltima mĂșsica que eu escrevi pro EP e ela vem com um formato diferente das outras: ela tem 1 minuto e 40 segundos, a mĂ©trica Ă© mais curta e as frases sĂŁo mais diretas. A atitude me parece mais madura e a letra possuĂ­ alguns "easter eggs" sobre coisas que eu quero me aprofundar futuramente. 

FRS: Qual o seu maior propĂłsito com a mĂșsica?

Olivia Yells: Quando penso no meu trabalho, penso em conexĂŁo, conforto e empoderamento. Quero que minhas mĂșsicas sejam um refĂșgio para quem precisar delas, mas principalmente para meninas e mulheres. Quero que elas vejam que tĂĄ tudo bem ter raiva, chorar, por pra fora da maneira que elas conseguirem -- e se for com a mĂșsica melhor ainda. Espero trazer muitas delas pra arte se assim desejarem. 

Assista ao vĂ­deo oficial da mĂșsica "Tired"

FRS: Por fim, quais serĂŁo os prĂłximos passos para Olivia Yells? 

Olivia Yells: Quero muito produzir mais materiais visuais para o EP e lançar "Theory of Ends", uma mĂșsica que nĂŁo entrou no "Waiting Room" mas que tem absolutamente tudo a ver com ele. Enquanto isso, vou me preparando para o sucessor de WR.

Ouça "Waiting Room" na íntegra:

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