Johnny Olas, do Chile, combina punk e ska no single ‘Indiferencia’

10:00 AM

Johnny Olas - Foto: Fabricio Obljubek
Música foi escrita em meio ao caos político e social que assolou o Chile em 2019 e teve a mixagem  em Los Angeles nas mãos do renomado TJ Rivera

O rock'n'roll na América do Sul tem uma cena muito forte e consistente. Um ótimo exemplo disso é a banda chilena Johnny Olas, destaque latino do punk rock com elementos de ska e reggae. E foi a partir desse amor por punk e ska rock que o quinteto andino se formou. 

Recentemente, eles lançaram o single ‘Indiferencia’ que é definida pelo guitarrista Francisco Pancho Padilla como um ska em meio à fúria do punk. As guitarras estridentes e frenéticas se misturam às batidas, aos vocais dobrados e todas demais sonoridades para pular, dançar e cantar junto. Isso sem contar com fato que a música foi produzida em meio da crise social que assolou o Chile desde outubro de 2019 dando um significado ainda mais intenso. A música aborda um dos pontos centrais desta crise: grita contra o desinteresse de parte da sociedade chilena quanto à realidade árdua, às vezes de exploração, de tantas pessoas menos favorecidas.

‘Indiferencia’, produzida pela própria banda no Chile, foi mixada e masterizada em Los Angeles (EUA) pelo engenheiro de som TJ Rivera, que há duas décadas trabalha com bandas das icônicas gravadoras punk Epitaph, Fat Wreck Chords e Hellcat – atualmente, ele trabalha no estúdio Ship Rec, de propriedade de ninguém menos que Tim Armstrong, do Rancid.

Conversamos com César Infame (guitarra) e Pancho Padilla (vocal e guitarra) sobre a jornada da banda até o momento e sobre a produção do mais recente single. Confira:

FRS: Primeiramente, para aqueles que ainda não ouviram falar da banda, como vocês se conheceram? Como vocês começaram a banda?

César: todos nós tocamos em diferentes projetos e estilos musicais também, mas na mesma cena, então Pancho Who, vocalista e líder da banda, veio e nos recrutou devido a alguns aspectos que nos definiram musicalmente e em atitude.

Pancho: Minha ideia era fazer algo por diversão. Músicas fáceis, mas enérgicas. Então, naturalmente, cada membro apareceu com a mesma idéia. Ficamos juntos desde então. Não funcionaria com pessoas diferentes.

FRS: Quais são as principais influências da banda?

Pancho: Bem, o ska move nossas vidas. Todo o som jamaicano, mas também punk, rock até metal ou pop. Às vezes você pode ouvir uma música de reggae, mas nós nos inspiramos em algo que de repente soou no rádio. Estamos realmente abertos ... mas é verdade, profundamente, que nosso coração é um menino rude. Preto e branco.

César: Os membros da banda têm um gosto comum pela música jamaicana e seus muitos estilos. Então pegamos isso e misturamos com qualquer estilo.

FRS: Conte-nos sobre o nome Johnny Olas, como surgiu?

César: Veio de um personagem do filme "O Poderoso Chefão" chamado Johnny Ola. É um nome muito fresco e profundo que realmente gostamos.

FRS: Como o processo de escrita funciona para vocês?

César: Todo o processo de composição das letras veio através das mãos de Pancho e também boa parte das melodias também, ele veio com idéias e alguns acordes na sala de ensaios e todos nós tentamos colocar da nossa pitada.

Pancho: Sim, geralmente desenvolvo uma ideia e gravo algumas demonstrações ou, durante as sessões de ensaio, levo algum tempo para reproduzi-las com meus amigos. Às vezes, essas idéias são muito rudimentares, então Felipe, nosso baterista, me ajuda do lado da produção. Ele é a mente principal de nossas músicas, ele sempre usa idéias primárias para transformá-las em algo mais legal. E sempre acontece.

FRS: Vamos nos concentrar no seu novo single, "Indiferencia". Qual foi a inspiração por trás disso?

César: Estamos passando por um momento crítico como sociedade no Chile. Um surto social em que a vasta maioria de líderes políticos, estatais e uma constituição obsoleta. Nós reivindicamos por dignidade e uma mudança no caminho, a igualdade de direitos e a distribuição de bens. Portanto, a maior inspiração vem dessas minorias egoístas, trancadas em uma bolha que acredita e vive em um estilo de vida privilegiado e não percebe que elas pertencem ao mesmo sistema corrupto, absorto em egoísmo e em um humor de indiferença.

FRS: O que há de tão especial na "Indiferencia" que a transformou em seu novo single?

César: torna-se muito especial para nós apenas pelo fato de que essa música em si nos permite elevar e combater com nossas vozes e instrumentos, transmitindo a mensagem e deixando rastros nesta corrida de ratos.

Pancho: é especial porque também foi escrito há um ano e se encaixa perfeitamente no momento em que estamos atualmente. Também é o nosso som, a forma que queremos soar como uma banda. Eu acredito que este single combina com o espírito de Johnny Olas.



FRS: Vocês estão planejando gravar um vídeo para a música? Quais são seus pensamentos sobre isso?

César: Sim! Já está pronto, na última terça-feira 28 de abril foi a estreia em nosso canal no YouTube. É um conceito ilustrado feito por Rominoi Rodriguesky, uma ilustradora talentosa que colaborou conosco. Da mesma forma, houve uma participação especial de outro ilustrador chamado Alberto Montt. Convidamos todos a dar uma olhada no nosso canal.

FRS: O que vocês acham da cena do rock'n'roll na América Latina em geral? Está ficando mais forte?

César: Sim, embora de uma maneira diferente, já que nesses novos tempos de pandemia, a colaboração digital e a união de bandas no senso comum tornam a cena mais fortalecida, que é uma apreciação pessoal.

Pancho: O mercado latino é enorme. Existem milhares de colegas fazendo ótimas coisas. Não apenas do nosso gênero, mas de diferentes raízes musicais. E é incrível porque soa naturalmente latino. E eu amo isso. Temos um ótimo relacionamento com bandas como Desorden Público da Venezuela, Karamelo Santo e Feliz Entierro da Argentina, entre outras. Do Chile, podemos dizer muito! Adoramos caras como Chinatown Ska, Pulso Gaiano, Sonora de Llega. Se você tiver tempinho, ouça uma música local!

FRS: Finalmente, sair em turnê é obviamente algo impossível de se considerar agora, mas podemos esperar um show no Brasil após a quarentena?

César: Definitivamente sim! Quando tudo voltar ao normal, está nos nossos planos de fazer uma turnê internacional e o Brasil está na nossa mira, portanto…..esperem por nós com caipirinhas e pratos cheios de feijoadas.

Pancho: Estaremos no Brasil com certeza!


Assista ao vídeo do single "Indiferencia"



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