Plebe Rude: as músicas das bandas de Brasília continuam assustadoramente atuais. Por quê?

10:24 AM


Por: Ingrid Natalie (@ingridnatalie) e Laura (@Yoko_FRS)


A Plebe Rude integra um seleto grupo de bandas oriundas de Brasília que simplesmente marcou a melhor década do rock nacional, os anos 80, a mais promissora e mais marcante no sentido social e político. O quarteto que conta na sua formação atual Philippe Seabra (guitarra e voz), Clemente (guitarra e voz), André X (baixo)  e Marcelo Capucci (bateria) possui uma história invejável.

Com 30 anos de carreira, 5 álbuns de estúdio, 6 coletâneas, 2 álbuns ao vivo e tendo recentemente concorrido ao Grammy Latino pelo CD e DVD independente “Rachando Concreto - 30 anos ao vivo”, a Plebe Rude continua mostrando que as suas músicas com influencias punk e new wave, letras com senso crítico e politizado estão tão atuais do que antes. E um detalhe importante, a Plebe Rude foi a única banda da sua geração que nunca compôs músicas com abordagem romântica. Acompanhe a entrevista que fizemos com o novíssimo papai Philippe Seabra, sobre essa banda ótima que reserva novidades para 2012 e que vai representar muito bem o nosso país no festival Lollapalooza no Chile e no Brasil. 


FRS. O ano de 2011 foi excelente para a Plebe, comemorando o aniversário de 30 anos da banda que culminou em um DVD, que inclusive recebeu indicação ao Grammy. Como a banda recebeu essa indicação e qual momento mais especial que você destacaria nesses 30 anos de carreira?

Philippe: A indicação ao Grammy foi um susto. Mas foi muito bem vinda. Gosto de pensar que é um reconhecimento a uma banda que nunca abaixou a cabeça para o mercado, com uma temática e abordagem “difícil”. Não sei se música com conteúdo esta sendo valorizado no Brasil novamente, mas que vale a pena ter princípios, vale.

Em 30 anos de banda, foram tantas coisas… não saberia nem por onde começar… (olhe no site pleberude.com.br e clique em “DVD Rachando Concreto e vá até “curiosidades”) Mas provavelmente o título de cidadão honorário de Brasilia é um ponto alto, que recebemos em abril do ano passado do mesmo governo que criticamos tanto. Agora somos patrimônio cultural de Brasília… (risos)

FRS. O filme "Rock Brasília - Era de Ouro"mostra a história política e cultural de Brasília nos anos 80, Plebe Rude, Legião Urbana e Capital Inicial marcaram de forma importante rock nacional principalmente neste período. Para você, o que mudou musicalmente e politicamente no Brasil, de uma forma geral?

Philippe: Tudo mudou no país. Musicalmente, a qualidade vem deteriorando ano após ano e o “mainstream” vem decepcionando a cada dia que passa. O que salva é o movimento independente, artistas que ainda prezam o que fazem… O público brasileiro é muito preguiçoso. Não vai atrás.

Politicamente, é claro de lá para cá mudou muita coisa. Mas as músicas das bandas de Brasília continuam assustadoramente atuais. Por quê?

FRS. O rock sempre se resumiu a um comportamento de não aceitação ao que a sociedade ou o governo impunha. Você sente que falta isso para o rock nacional hoje, visto que vivemos em uma democracia e não tem contra o que se lutar?

Philippe: Tem muita coisa errada no Brasil ainda. E ninguém do “mainstream” está abordando isso… deve ser porque não é comercial, ou eles faltam algum nível de embasamento e critério para poder abordar isso de maneira inteligente. Mas também, como profetizado nos anos oitenta, o rock é uma banda num anuncio de refrigerantes. O que toca na rádio não representa o que esta rolando no meio independente. Mas é triste que poucas dessas bandas, muitas do que produzo, verão a luz do sol... A internet não nivelou praticamente nada. Continua muito difícil uma banda iniciante atingir o grande público.

O publico geral brasileiro não quer saber de um estilo específico. Ele quer sucesso. Algo que possa cantar junto enquanto que paquera gatinha do lado, que também esta lá porque também consegue cantar junto… E tem que ser sacramentado pela mídia, porque senão não vale. Tanto faz o estilo. Tem que ser conhecido. E a maioria dos artistas na mídia correspondem para não perder o filão. Triste, não?

FRS. Foi dito em uma entrevista que a Plebe não se considera uma banda "popular"  e Herbet Viana salientou "Vocês são punks". Este foi o segredo para a banda se manter verdadeira musicalmente?

Philippe: (risos) O Herbert ficava irritado ao nos ver dando tiros nos próprios pés. Brigas com gravadora, músicas não tão “tangíveis” comercialmente. Era mais porque ele sabia como a máquina funcionava e se preocupava como ela nos trataria eventualmente. Ele tinha razão, mas as coisas são o que são. Somos desse jeito e não conseguimos nos adaptar a cada mudança de tendência. Tem que ser cara de pau para fazer isso. Este é o segredo de se manter verdadeira musicalmente, mas é um péssimo negócio! (risos)

FRS. Não poderia de deixar de perguntar sobre o festival Lollapalooza. Como surgiu o convite e o que podemos esperar no show? E quais bandas você aproveitarão para assistir também?

Philippe: Bacana esse convite, nê? E seremos a única banda brasileira a tocar no Lollapalooza Chile. O show será um apanhado da carreira e será a primeira vez para muita gente num show da Plebe. Quero muito ver Thievery Corporation que são de Washington DC, cidade em que nasci.

 FRS. O último trabalho de estúdio da Plebe foi "R ao contrário" (2006) pode vir um novo disco de inéditas e quais os próximos planos da Plebe Rude para 2012?

Philippe: Me deixe falar sobre 2011 primeiro, que foi ótimo para a banda. Eu e o André X recebemos o título de cidadão honorário de Brasília, isso do mesmo governo que criticamos tanto, O DVD “Rachando Concreto”de 30 anos foi lançado, o “Concreto já Rachou” fez 25 anos e foi finalmente relançado, dentro do box set do filme “Rock Brasília”. Também o filme de Vladmir Carvalho, Rock Brasília” o estreiou nos cinemas e o filme “Somos tão jovens” foi rodado em Brasília (com participação da "plebe" com atores fazendo nosso papel e com participação minha fazendo uma ponta. Tem, é claro a indicação ao Grammy Latino de “Rachando Concreto”. Mas nada supera o nascimento do meu primeiro filho no final de novembro. A coisinha mais fofa do papai…(risos)

Agora em 2012 ja estamos começando tocando fora do Brasil pela primeira vez e com o “Rock Brasilia” em breve a ser lançado em DVD. E estréia em julho o filme “Somos tão Jovens”. Já estamos ensaiando repertório inédito para um provável disco novo em breve e no final do ano pretendemos gravar outro DVD, muito mais grandioso que o “Rachando Concreto”, mas para lançamento em 2013. mas detalhes por enquanto é segredo.




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