Despedida do Planet Hemp em São Paulo emociona fãs com participações icônicas
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| Marcelo D2, vocalista do Planet Hemp - Foto: Ingrid Natalie |
Show no Allianz Parque reuniu hits clássicos, novas faixas e participações de artistas que marcaram a trajetória da banda
Texto: Ingrid Natalie (instagram: @femalerocksquad)
Planet Hemp se despediu dos palcos paulistas nesse último sábado (15) no Allianz Parque. O show fez parte da turnê "Até a Última Ponta" e teve produção da 30e. O público pode presenciar um passeio pela discografia de uma das bandas mais emblemáticas do rock brasileiro que tocou desde os clássicos — como “Legalize Já” e “Mantenha o Respeito” — até faixas mais recentes, em uma celebração de três décadas de resistência cultural.
O show começou às 20h30 com um vídeo introduzindo a história do Planet Hemp e a poderosa "Dig Dig Dig (Hempa)" que se destaca pela forte percussão e um groove impactante. O pulso rítmico constante da música foi ideal para evidenciar que o show seria intenso do início ao fim. Em seguida, "Fazendo a cabeça" com a introdução de "Ex-quadrilha da fumaça" configurou ainda mais peso ao repertório.
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| Planet Hemp durante show em São Paulo - Foto: Ingrid Natalie |
PLANET HEMP DISRUPTIVO
Planet Hemp marcou a história do rock brasileiro com sua proposta disruptiva, unindo hardcore e rap em uma sonoridade única e assumindo uma postura abertamente favorável à legalização da maconha. Dois bons exemplos dessa identidade apareceram no setlist: “Raprockandrollpsicodeliahardcoreragga”, com seus riffs potentes e energia explosiva e intensificada pelo gigantesco f*da-se no telão, e “Não Compre, Plante!”, que aborda os perigos do tráfico e defende o cultivo da erva. O público também foi à loucura nas canções "Queimando tudo" e o clássico "Legalize Já".
Os três primeiros álbuns — "Usuário" (1995), "Os Cães Ladram Mas a Caravana Não Pára" (1997) e "A Invasão do Sagaz Homem Fumaça" (2000) — dominaram o repertório do show, mas o álbum mais recente, "Jardineiros" (2022), também marcou presença com cinco faixas, mostrando que a banda continua atual e relevante.
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| Marcelo D2 e a esposa Luiza que participou do backing vocals na música "Taca Fogo" Foto: Ingrid Natalie |
PROPOSTA VISUAL
A proposta visual do espetáculo foi um dos pontos altos. Sequências de luzes e vídeos projetados no telão ajudaram a contar a história da banda, tornando tudo ainda mais grandioso. Como Marcelo D2 mencionou em entrevista recente, se o objetivo era apresentar uma autobiografia contada pelo próprio Planet Hemp, a missão foi cumprida com êxito. Cada ato era divido em episódios marcantes da carreira da banda, como por exemplo, a prisão dos integrantes em 1997.
PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS
A apresentação do Planet Hemp foi marcada por várias participações especiais. Os primeiros a subir ao palco foram o rapper Emicida e o emblemático músico Seu Jorge. Ambos têm uma relação próxima com o Planet Hemp: já dividiram o palco em outras ocasiões, como na celebração dos 30 anos da banda, e Seu Jorge foi percussionista no álbum "A Invasão do Sagaz Homem Fumaça", no início dos anos 2000.
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| Seu Jorge e Emicida durante apresentação do Planet Hemp em São Paulo - Foto: Ingrid Natalie |
Emicida e Seu Jorge executaram a música "Nunca tenha medo", com uma fala de BNegão a cerca do uso da ferramenta do medo pelos governantes para a perpetuação do poder. Na sequência, "AmarElo", com sample de "Sujeito de Sorte" (Belchior) arrancou uma reação efusiva do público. Seu Jorge ainda permaneceu no palco para tocar flauta em "Biruta" e uma belíssima performance vocal na dobradinha “Cadê o isqueiro?” e “Quem tem seda?”.
Outra participação que levantou o público foi a de Pitty. A cantora, que mantém uma relação de admiração mútua com o Planet Hemp, trouxe ainda mais intensidade ao palco com sua presença enérgica. "Admirável Chip Novo" ganhou uma sonoridade ainda mais hardcore, seguida por "Teto de Vidro". Sua voz potente se encaixou naturalmente na estética híbrida da banda, reforçando o diálogo entre o rock e o rap que sempre marcou a trajetória do grupo.
FINAL MEMORÁVEL
Já tinham se passado um pouco mais de 1h40m ininterruptos do show, quando Planet Hemp foi preparando um final simplesmente épico. A começar pela música "100% hardcore" que promoveu uma roda enorme (com direito a sinalizadores pelos fãs) e a versão de “Samba Makossa” (Chico Science & Nação Zumbi) que, além do saudoso Chico Science, também homenageou Skunk, Kalunga, Chorão e Sabotage.
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| Participação de Black Alien - Foto: Ingrid Natalie |
O momento mais surpreendente da noite veio com a entrada de Gustavo de Almeida Ribeiro, o Black Alien, figura central da formação clássica do Planet Hemp. A plateia explodiu em êxtase. Ele dividiu os vocais com a banda em “Contexto” e “Queimando Tudo” e, depois disso, permaneceu no palco até o fim. Houve tempo para "Deisdazseis".
Se aproximando do fim, mais um convidado especial subiu ao palco. João Gordo, vocalista do Ratos de Porão, e uma das grandes influências do Planet Hemp, cantou "Crise Geral" com um sentimento de comoção geral do público e banda. A clássica "Mantenha o Respeito" fechou esse importante episódio do Planet Hemp em grande estilo e a certeza de que em despeito de qualquer concordância ou discordância da pauta levantada pela banda, o legado musical é inquestionável e uma qualidade sonora absurda.
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| BNegão e Marcelo D2 - Foto: Ingrid Natalie |
O último show da turnê acontece 13 de dezembro no Rio de Janeiro na Fundição Progresso.
Setlist — Planet Hemp:
- Dig Dig Dig (Hempa)
- Ex-quadrilha da fumaça / Fazendo a cabeça
- Raprockandrollpsicodeliahardcoreragga
- Distopia
- Taca fogo
- Mary Jane / Phunky Buddha
- Planet Hemp
- Legalize já
- Não compre, plante!
- Jardineiro
- Queimando tudo
- Onda forte
- Nunca tenha medo (com Emicida e Seu Jorge)
- AmarElo (música de Emicida; com Emicida e Seu Jorge)
- Biruta (com Seu Jorge na flauta)
- Cadê o isqueiro? / Quem tem seda? / Pilotando o bonde da excursão (com Seu Jorge)
- Puxa fumo
- Adoled (The Ocean)
- Salve, Kalunga
- Gorilla Grip
- O bicho tá pegando
- Mão na cabeça
- Não vamos desistir
- Stab
- Procedência C.D.
- Admirável chip novo (música da Pitty; com participação da Pitty)
- Teto de vidro (música da Pitty; com participação da Pitty)
- 100% Hardcore / Deixa a gira girá
- Zerovinteum
- Hip Hop Rio
- Samba makossa / Monólogo ao pé do ouvido (cover de Nação Zumbi)
- A culpa é de quem?
- Contexto (com Black Alien)
- Queimando tudo (com Black Alien)
Encore:
- Deisdazseis (com Black Alien)
- Crise geral (música do Ratos de Porão; com João Gordo)
- Mantenha o respeito (com Black Alien e João Gordo)







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