Conheça a banda Origem da Alma que traz em sua essência a diversidade musical

10:00 AM

Origem da Alma - Foto: divulgação
Quarteto paulista tem como propósito usar a música como instrumento para discutir questões humanas e evoluir junto com os fãs 

Texto: Ingrid Natalie (instagram: @femalerocksquad)

O conceito diversidade é definido pela reunião de vários e distintos aspectos e características. A  Origem da Alma abraçou totalmente essa ideia e a traduziu em uma sonoridade que combina elementos do heavy metal, rap e reggae. Tudo se iniciou em meados de 2014 quando o vocalista Lúcian, após ter integrado várias bandas de nu metal, optou por criar uma banda que abrangesse todas essas influências e onde as letras carregariam como abordagem principal problemas sociais e espirituais.

Por causa do contratempo de achar integrantes que topassem misturar reggae com metal, a banda vivenciou várias mudanças até chegar na formação atual. A banda lançou seu EP de estreia, "O Observador", em junho de 2019. O registro de estúdio, produzido de forma totalmente independente, traz três músicas, que são um verdadeiro ode ao enfrentamento do nosso mal interior, e provoca sentimentos completamente diferentes dentro da mesma música, suscitando questões profundas do ser humano.

Conversamos com Lúcian (vocal) que nos contou mais sobre o momento atual da banda que está concorrendo a uma vaga para tocar no Lollapalooza Brasil 2020. Confira:

FRS: Para aqueles que estão conhecendo a banda pela primeira vez, como foi a "origem" do projeto?

Lúcian: A primeira vez que surgiu a ideia de montar esse projeto foi em 2001 aproximadamente, quando a minha antiga banda de som autoral chamada Orknes se desfez. Eu sempre dei muito valor a letra e depois que essa banda acabou procurei fazer um som com letras em português, devido ao fato de existirem muitos problemas no nosso país e na sociedade que me incomodam e dessa forma eu conseguiria fazer minha música misturando os estilos que mais me influenciam, além de passar uma mensagem mais clara para a população na tentativa de incitar mudanças que seriam em prol de todos nós. Após a banda passar por diversas mudanças de membros, chegamos na formação atual que eu considero como a original, neste momento estamos conectados e com o mesmo objetivo. Temos divergência de opinião em vários assuntos, claro, mas isso também contribui para a nossa evolução e crescimento, como banda e também individualmente.

FRS: A banda tem uma sonoridade bastante ampla que traz misturas de metal, rap e reggae. Quais são as suas principais influências?

Lúcian: Todos nós temos influências bem variadas, acredito que foi isso que solidificou essa união. Fica difícil até citar algumas apenas, porém alguns artistas que consideramos principais fontes de inspiração seriam Sabotage, Bob Marley, Dezarie, Black Uhuru, Red Hot Chili Peppers, Tool, Charlie Brown Jr, Mudvayne, A Perfect Circle, Killswitch Engage, Prodigy, Sepultura, entre outras, os estilos no geral variam desde o reggae, metal e rap ao soul.

FRS: Na biografia da banda é relatado que houve uma certa dificuldade de encontrar integrantes que topassem fazer essa combinação de sons tão inusitada. A que vocês atribuem o fato?

Lúcian: Como esse projeto já teve diversas formações, eu percebi ao longo de todo esse tempo que existem músicos que infelizmente se prendem às suas influências ou em apenas um estilo e não conseguem criar além do que geralmente escuta, o que é natural já que nós normalmente criamos a partir de algo que já escutamos ou vimos antes, é extremamente raro criar algo inovador, sempre estamos "bebendo de várias fontes", misturando inspirações e colocando a nossa identidade. Já passou por esse projeto (vou chamar de projeto por enquanto, pois nessa época ainda não existia o nome Origem da Alma) integrante que gostava da mistura musical, mas só conseguia tocar a parte do reggae ou só conseguia tocar o metal, ou então que tinha técnica para tocar qualquer estilo, porém só queria fazer músicas de um determinado estilo apenas, foi realmente complicado encontrar pessoas com as capacidade e determinação para se juntar a banda. Além dos motivos que citei acima acredito que outro ponto importante que dificultou o encontro dos integrantes, é a alta dedicação que uma banda de som próprio necessita, onde é preciso escolher muitas vezes a banda ao invés de outros compromissos pessoais, desde ter que virar noites acordado fazendo música, viajar 3 horas para fazer um ensaio de 2 horas, chegar em casa depois do trabalho e se dedicar a banda, deixar de ir em uma festa ou ver a namorada para ensaiar, são sacrifícios que poucos estão dispostos a fazer.

FRS: Vocês estão trabalhando intensamente na gravação do EP, "O Observador". Como funciona o processo de composição para a Origem da Alma?

Lúcian: Esse primeiro EP nós lançamos em junho de 2019. Foi intenso e trabalhoso, pois fizemos tudo por conta própria, desde a gravação até a mixagem e finalização. Primeiro gravamos 10 faixas, apenas as guias e enviamos para centenas de pessoas aleatoriamente pedindo a opinião de todos e então escolhemos as 6 mais elogiadas. Gravamos as 6 músicas porém decidimos lançar o EP em duas partes, então provavelmente esse ano ainda divulgaremos a segunda parte, fiquem atentos! (Risos)

Na composição do "O Observador" a maioria das músicas foram criadas ao longo desse tempo em que estava na busca pelos integrantes certos e algumas criamos eu e o Anderson na minha casa, como essa formação é nova e o Allan e o Rafael entraram na banda ano passado quando o EP ja estava lançado, nós não  paramos ainda para entender como vai ser o processo de composição em conjunto, mas aos poucos estamos nos descobrindo, todos nós temos disposição e muita força de vontade, então com certeza vão sair ideias bem legais.

FRS: Quais foram as maiores inspirações para a composição deste novo registro de estúdio? 

Lúcian: Tivemos diversas inspirações musicais, desde Tupac, Sabotage, Dezarie, Black Uhuru, Sepultura , Mudvayne... Porém o que eu considero como nossa maior inspiração é a vontade de fazer o que nós amamos e deixar uma mensagem para as pessoas, independente do estilo musical que utilizarmos para criar em cima.

FRS: Qual música mais do "O Observador" mais define o momento atual da banda? 

Lúcian: Sem dúvida nenhuma é a Assédio Mental. Essa é a nossa primeira música registrada que tem uma mistura forte de reggae e rap, acredito que ela seja a mais importante nesse momento devido ao fato de estar nos dando um norte sobre nossas composições, a banda está em um momento de descoberta e ela está sendo fundamental nessa caminhada. Além de estarmos recebendo um ótimo feedback do público sobre, muitas vezes se identificando com a letra e compartilhando suas histórias pessoais conosco, ela trata de um tema bem sério e delicado, ter essa troca com as pessoas é muito legal mesmo e nos mostra mais ainda a importância de destacarmos essa questão, já que tantas pessoas sofrem ou sofreram com isso. 

FRS: Quais serão os próximos planos para 2020?

Lucian: Estamos providenciando os próximos videoclipes. Fazemos tudo por conta própria, então isso nos dá muito trabalho, porque precisamos conciliar nossos compromissos particulares e empregos com a(s) banda(s), porém estamos dispostos e faremos o nosso melhor com as ferramentas que temos no momento, sempre com muita dedicação, para conseguirmos o melhor resultado que pudermos.

FRS: Para finalizar, como vocês enxergam a cena brasileira do heavy metal?

Lucian: Antes de responder essa pergunta, gostaríamos de agradecer imensamente pelo convite equipe da Female Rock Squad e Ingrid. Além de agradecer também a você que chegou até aqui, dedicando parte do seu tempo para saber um pouco mais sobre nós. Nossos maiores objetivos são evoluir, incitar o questionamento em massa e sermos felizes, nós não somos de modo algum donos da verdade, mas acreditamos fortemente em nossos ideais, sabemos que o coletivo tem força, o pobre tem força e que precisamos nos unir. Ainda existe muita coisa pra ser falada e muitos obstáculos a serem pulados, só temos que nos lembrar que quanto mais nos esforçarmos, mais vamos progredir. Amor é a cura.

Agora, voltando a pergunta, nenhum de nós viveu apenas a cena do heavy, então vamos falar a respeito do Rock em geral no Brasil. Temos notado ultimamente que a demanda de shows no meio underground está grande e tem sim uma galera tentando fazer acontecer. E é isso que precisamos, juntos, fazer a cena acontecer! Mas juntos significa desde os donos de casas de shows, até os integrantes das bandas e principalmente o público. Precisamos organizar mais shows, comparecer nos shows e apoiar as bandas de som próprio, assim como as covers (que também são importantíssimas para o meio por diversos fatores) de todos os modos possíveis para movimentarmos esse meio cada vez mais. Existe muita gente reclamando e poucos fazendo algo para mudar, assim como ocorre em nossa própria sociedade e é isso que dificulta mais ainda a possibilidade de mudanças significativas, porém ficamos muito felizes de ver que esses poucos que estão realmente se esforçando já fazem um barulho gigante, com uma força de vontade enorme e isso está cada vez mais aumentando!

Assista ao clipe da música "O ontem, o hoje e o amanhã":

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