Traste exala fúria, ruído e identidade no visceral 'Rastros, Resquícios y Otras Cositas Mas'
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Traste - Foto: divulgação |
Banda de Juiz de Fora lança seu trabalho mais cru e intenso, combinando hardcore, punk e stoner em um manifesto sonoro cheio de revolta e autenticidade
No cenário do rock nacional, há bandas que ecoam e há bandas que explodem. A Traste, power trio de Juiz de Fora (MG), opta pela segunda via em seu novo álbum, "Rastros, Resquícios y Otras Cositas Mas", lançado em 18 de julho pelo selo independente Psywar Records. Com 13 faixas que mais parecem socos na cara do tédio moderno, o grupo entrega seu trabalho mais intenso, ruidoso e sincero até aqui.
Som orgânico, gravação ao vivo e caos controlado
Gravado ao vivo no Rise Together Studio, o disco aposta em uma sonoridade crua, em que guitarra, baixo e bateria dialogam de forma orgânica e barulhenta — com camadas de voz e outros elementos adicionados depois, sem polimentos excessivos. O resultado é um registro que respira espontaneidade, fiel à essência do hardcore punk que a banda sempre carregou, mas que agora se mistura com stoner, noise e momentos de caos controlado.
Faixas inéditas e releituras com nova força
Faixas como "MM’s", "Sete Palmos e Meio" e "Pietá" mostram a capacidade da Traste de unir agressividade sonora com senso estético e narrativa. Já canções como "Velhos Quintais" e "Cabeça de Papel" atualizam composições antigas com nova pegada e vigor, impulsionadas pela entrada de Victor Polato na bateria — elemento que, segundo o vocalista Guilherme Melich, renovou a dinâmica e a força das músicas.
Assista ao clipe de "Pietá":
Uma nova roupagem para músicas dos EPs passados
O disco também revisita faixas de EPs anteriores, como Retalhos e Entre escambos e escombros, agora com roupagens mais potentes e ferozes. "Canto ao Câncer", "Estelar", "Raspa de Cipó" e "Tudo é Marketing" ganham uma nova vida ao serem recontextualizadas neste momento mais maduro e ousado da banda.
Produção intensa, mas cirurgicamente pensada
Apesar da sujeira proposital, o álbum não é desleixado — há intenção em cada camada de distorção e revolta. A produção de Tierez Oliveira, combinada à masterização de Chris Hanzsek (EUA), mantém o som denso, mas inteligível, permitindo que as letras – ora sarcásticas, ora confessionais – atravessem o ouvinte com força.
Mais do que um simples disco de hardcore ou stoner, "Rastros, Resquícios y Otras Cositas Mas" é um documento de expressão existencial. É sobre viver à margem, resistir ao desgaste da realidade e canalizar as frustrações em arte. É também uma ode à amizade — ao caos criativo que nasce quando três amigos se trancam em um estúdio e deixam o mundo lá fora derreter.
Traste firma seu lugar na cena alternativa brasileira
Traste, que já dividiu palco com nomes como Surra, Black Pantera e Molho Negro, mostra que não precisa de moldura para fazer arte. Basta ruído, verdade e um punhado de revolta bem direcionada. Com esse álbum, a banda não apenas reafirma sua identidade, mas também amplia sua relevância dentro da cena alternativa brasileira.
Se o mundo está em colapso, Traste nos dá a trilha sonora ideal para atravessar os escombros com barulho, sangue e atitude.
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