Rock, soul e blues tomam conta do Ibirapuera no final épico do Best of Blues and Rock

7:56 PM

Com shows arrebatadores de Hurricanes, Judith Hill e Deep Purple, festival consagra mais uma edição histórica no coração de São Paulo

Texto: Ingrid Natalie (instagram: @femalerocksquad)

O Best Of Blues And Rock encerrou a edição de 2025 com saldo extremamente positivo. O último dia de apresentações ocorreu no domingo (15), no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, reunindo um público apaixonado por boa música. As performances de Hurricanes, Judith Hill e Deep Purple encerraram o festival com brilho, reforçando a posição do evento como um dos mais importantes do cenário musical brasileiro.

Hurricanes no Best of Blues and Rock: um mergulho visceral no rock setentista

Hurricanes - Foto: Ingrid Natalie

Com uma performance incendiária no palco do Best of Blues and Rock, a banda Hurricanes reafirmou por que é um dos nomes mais promissores do novo rock nacional. Com um repertório que passeia entre o blues rasgado e o hard rock com alma vintage, o quarteto gaúcho-paulistano formado por Rodrigo Cezimbra (voz), Leo Mayer (guitarra), Henrique Cezarino (baixo) e Guilherme Moraes (bateria) entregou um show coeso, emocional e eletrizante do começo ao fim. A banda convidou os músicos Jimmy Pappon (teclados), Julia Benford e Lucille Berce (ambas backing vocals) para completar o som.

A abertura com “Penny In My Pocket” já deixou claro o que vinha pela frente: riffs sujos, vocais intensos e uma pegada direta que remete aos anos 70 sem soar datada. Em seguida, “Over the Moon”, lançada em versão ao vivo pouco antes do festival, provou sua força ao vivo, com nuances mais psicodélicas e um trabalho instrumental cuidadoso.

Hurricanes - Foto: Ingrid Natalie

“Waiting” e “Come to the River” trouxeram mais groove e peso ao set, com destaque para a cozinha sólida da banda, que sustenta as jam sessions sem nunca perder o foco. A emoção tomou conta com “Weary Hearted Blues”, uma das baladas mais marcantes do grupo, que mostrou o lado mais introspectivo da banda sem perder a intensidade.

Na sequência, “Through The Lights” e “Flowers” mantiveram o público envolvido com refrões fortes e uma dinâmica crescente que culminou em “Devil's Deal”, faixa que transborda atitude e mostra o flerte da banda com o southern rock.

Um dos momentos mais catárticos veio com “Thunder in The Storm”, faixa poderosa que funcionou como ápice do set. O encerramento com “The Bird’s Gone”, carregada de emoção e com belos vocais, preparou o terreno para o gran finale: “With a Little Help From My Friends”, clássico dos Beatles eternizado por Joe Cocker, em uma versão arrebatadora que uniu técnica, entrega e conexão genuína com o público.

Judith Hill entrega intensidade e elegância no Best of Blues and Rock em São Paulo

Judith Hill - Foto: Ingrid Natalie

Com um show potente e repleto de nuances, Judith Hill reafirmou seu talento singular na noite de encerramento do Best of Blues and Rock 2025, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Dona de uma voz marcante e presença magnética, a cantora, compositora e multi-instrumentista levou o público por uma jornada emocional, passeando com naturalidade entre o soul, o blues, o rock e o funk.

A apresentação começou com a envolvente “I Can Only Love You by Fire”, que já deu o tom passional e intenso do set. Na sequência, “Gypsy Lover” trouxe uma vibe mais grooveada, com a artista explorando seu lado mais sensual e dramático.

O momento roqueiro veio com força em “Runaway Train” e “Burn It All”, onde Hill exibiu riffs poderosos e vocais viscerais, arrancando gritos empolgados da plateia. Mesmo nos momentos mais explosivos, a artista manteve o controle absoluto do palco, transbordando autenticidade.


“Give Your Love to Someone Else” e “Dame De La Lumière” mostraram seu lado mais sensível e melódico, destacando o refinamento de suas composições e a profundidade de sua interpretação. “Flame” manteve essa chama acesa com um equilíbrio perfeito entre delicadeza e força.

O público se rendeu completamente quando Judith soltou “You Got It Kid”, canção que exala positividade e confiança, e encerrou a noite com a poderosa “Cry, Cry, Cry”, deixando todos com a certeza de que tinham presenciado um dos grandes momentos do festival.

Com sua mistura única de técnica, emoção e carisma, Judith Hill não apenas encantou o público paulistano, como também cravou seu nome como uma das apresentações mais memoráveis desta edição do Best of Blues and Rock.

Deep Purple entrega noite histórica no encerramento do Best of Blues and Rock 2025

Deep Purple - Foto: Ingrid Natalie

O Best of Blues and Rock 2025 chegou ao fim com um encerramento digno da grandeza do festival. Coube ao Deep Purple, um dos pilares do rock mundial, a missão de fechar a edição deste ano — e a banda britânica não decepcionou. Com uma performance enérgica, repleta de clássicos e conexão com o público, o grupo transformou o Parque do Ibirapuera, em São Paulo, em um grande templo do rock. Foi bem semelhante à apresentação no Espaço Unimed em setembro de 2024 e empolgou da mesma forma.

O show teve início com potência e precisão com "Highway Star", um dos hinos do rock'n'roll mundial. Logo nas primeiras músicas, ficou claro que, mesmo após mais de cinco décadas de carreira, o Deep Purple ainda sabe como dominar um palco. Hits como "Space Trukin'", "Anya" e "Smoke on the Water" levaram a plateia ao delírio, com milhares de vozes cantando em uníssono e braços erguidos em reverência à história viva que se apresentava diante deles.

Deep Purple - Foto: Ingrid Natalie

A presença de palco de Ian Gillan permanece marcante. Embora a idade já limite alguns agudos lendários, sua entrega e carisma seguem intactos. Já Ian Paice, o único membro fundador remanescente, impressionou com sua técnica impecável na bateria. Don Airey, nos teclados, foi um show à parte: seu solo repleto de referências à música brasileira arrancou aplausos entusiasmados. Roger Glover (baixo) e Simon McBride (guitarra), que substituiu Ritchie Blackmore com competência e personalidade, completaram a formação com energia e entrosamento notáveis.

Deep Purple - Foto: Ingrid Natalie

A atmosfera do show foi de celebração e respeito. A plateia, diversa em gerações, demonstrou que o legado do Deep Purple segue atravessando o tempo com relevância e paixão. Entre riffs pesados e momentos de virtuosismo instrumental, o grupo mostrou por que ainda é um dos nomes mais influentes da história do rock.

O Deep Purple não apenas encerrou o festival — selou uma edição memorável com um espetáculo à altura de sua trajetória. Um verdadeiro presente para os fãs e uma demonstração de que o rock, quando é feito com alma, nunca envelhece.

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