Sofia Keith: sentimento à flor da pele e muito rock pra contar
12:49 PMSofia Keith - Foto: divulgação |
Por: Ingrid Natalie (instagram: @femalerocksquad)
Ela chegou com tudo em 2024 com o single “Pode Me Ver?” e, desde então, não parou mais. Cantora, guitarrista e compositora, Sofia Keith é daquelas artistas que transformam vivências em música com verdade, intensidade e uma boa dose de atitude. Misturando pop e rock com aquela nostalgia dos anos 2000 que a gente ama, ela vem ganhando espaço na cena com canções que falam sobre se encontrar, se libertar e — por que não? — mandar a real quando algo (ou alguém) não faz sentido.
“Pode Me Ver?” abriu os caminhos com um recado direto: é preciso silenciar o barulho de fora pra escutar quem a gente é de verdade. Agora, em 2025, ela volta com “I Don’t Get It”, um som poderoso que fala sobre se livrar de relações tóxicas e resgatar o amor-próprio. Tudo isso embalado por vocais cheios de emoção, refrão chiclete e um clipe com estética forte e marcante (o vermelho virou quase uma identidade!).
O vídeo foi gravado na imponente Fabriketa e produzido pelo pessoal do Grupo Sehloiro, enquanto a produção musical ficou nas mãos do respeitado estúdio MIDAS, que já revelou nomes de peso da música brasileira.
Com uma identidade visual cheia de personalidade e letras que fazem pensar (e cantar junto), Sofia vem mostrando que está aqui pra marcar presença. Batemos um papo com ela sobre sua história, inspirações, processos e planos para o futuro. E, claro, começamos do comecinho.
As coisas foram acontecendo sem eu perceber. Comecei a gravar covers para o YouTube, compor e cantar nos stories do Instagram. Na época, existia uma dualidade, porque eu tava naquela fase decisiva do ensino médio, sabe? Mas, mesmo com todos os empecilhos, eu não conseguia deixar de lado a música nem em semana de provas KKKKKK. Foi aí que eu percebi que alguma coisa estava acontecendo e mudando dentro de mim. Eu vivo e respiro música, hoje entendo que não tinha como ter sido de outra forma.
FRS: Quais artistas ou bandas te inspiraram a desenvolver esse estilo que mistura pop e rock?
Sofia Keith: Bom, eu cresci com várias referências musicais. Meu pai é roqueiro e escutava literalmente de tudo dentro do carro (Van Halen, Queen, Guns...). Minha mãe me apresentou o pop dos anos 80 (querido Michael Jackson) e meu irmão deu aquele toque especial dos melhores hits dos anos 2000 (Linkin Park, Nickelback, Charlie Brown Jr).
Então, gosto de dizer que somos moldados e influenciados pelo nosso ambiente de convívio. É aquela frase, né: “Diga com quem andas que te direi quem você és”.
Respondendo à sua pergunta, claramente tem muiiita referência nas caixinhas da minha mente KKKKKK, mas gosto de dizer, em 1º lugar, a Avril Lavigne, porque foi uma artista que eu descobri sozinha e fez parte da minha pré-adolescência. Lembro de ir revoltada pra prova de matemática escutando Take Me Away no fone KKKKKK. Aiai, uma mini emo com 12 anos.
Atualmente, de referência vocal, eu digo disparado a Hayley do Paramore. E aqui do BR, obviamente, a rainha Rita Lee.
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Sofia Keith - Foto: divulgação |
FRS: Como você costuma trabalhar suas composições — começa pela letra, melodia ou tudo vem junto?
É engraçado, porque às vezes a ideia vem em momentos inusitados. Já cheguei a acordar às 3h da manhã com uma música na cabeça e, na maioria das vezes, eu esqueço de anotar e volto a dormir KKKKKK. Mas seguimos aí no processo. Falaram que é pra deixar um caderninho ao lado da cama…
FRS: Seu single “I Don’t Get It” tem uma vibe intensa e emocional. Como nasceu essa música?
Sofia Keith: Cara, "I Don’t Get It" surgiu depois que eu me apaixonei por um cara que eu jurava que ia me pedir em namoro, mas depois descobri que ele tinha ficado com umas 3 meninas do meu meio de convívio! Calma, não eram amigas minhas KKKKKK, mas foi caótica a situação e fiquei bem p*ta. Aí surgiu aquele trecho da música: “Diz que ama, mas no outro dia some e fica com outra”.
Eu achei muito forte, porque quando a gente se envolve com alguém que não tem responsabilidade afetiva, é inevitável não sair machucada da situação. Faltou a honestidade de mandar a real que não queria nada sério, mas o querido fez literalmente o oposto.
E eu sei que isso é mega comum na nossa sociedade. Converso com amigas que passaram pela mesma situação, então sabia que muitos se identificariam com a mensagem da música.
Assista ao vídeo oficial:
FRS: “Pode Me Ver?” tem uma sonoridade diferente e também bastante pessoal. Como foi o processo de composição e produção dessa faixa?
Sofia Keith: Eu escrevi “Pode Me Ver?” na pandemia. É quase como uma carta pra sociedade que quer ditar o que você deve ou não fazer. Eu sentia muito isso naquela época. Não sei o que acontece, cara, mas é uma pressão fora do normal, como se um adolescente de 17 anos devesse saber exatamente o que quer fazer da vida.
E era ainda mais complicado pra mim, porque convenhamos: ser músico no Brasil não é nada fácil. A galera acha que é só subir ali no palco e cantar rs.
E eu tenho consciência de que esse julgamento acontece em todos os meios de trabalho diariamente. Então a frase: “A questão é ter coragem que muitos não têm de mudar”, convida todos a olharem pra si mesmos e se perguntarem: eu realmente tô fazendo o que eu quero? Estou fazendo o que eu amo ou estou deixando o medo me paralisar e impedir de tomar o primeiro passo?
É libertador cantar essa música no palco! E um fun fact é que ela era 100% em inglês. Expliquei sobre o processo de composição no quadro do meu canal no YouTube: #PodeCompor. Lá dei mais detalhes! Depois dá uma conferida :)
FRS: Seu visual e estética exibem bastante personalidade. Como você pensa sua identidade artística?
Sofia Keith: Tendências vêm e vão, e acredito que, no mundo da moda, a melhor coisa que podemos fazer é explorar as opções e nos vestir do jeito que mais gostamos. Por muito tempo eu cheguei a ficar insegura com a minha franja, porque houve uma época em que não era “tendência”. Depois que eu parei com essa palhaçada e fui explorando qual era o melhor estilo pra mim, virou uma chavinha na minha cabeça. Hoje as pessoas falam que a franja realmente é uma marca registrada minha, e eu não consigo mais me imaginar sem ela.
Ps: confesso que dá um mega trabalho cuidar, mas gosto muito do visual.
E a mesma coisa aconteceu com as roupas. Eu não curto tanto brilho, prefiro brincar com texturas e cortes, mas só com o tempo consegui perceber isso. E claro: o batom vermelho e coturno/bota não podem faltar!
FRS: Você sente que está criando uma conexão especial com um público específico? Quem você imagina que é o seu ouvinte?
Sofia Keith: Não gosto da ideia de nichar tanto o meu público. Acredito que a música pode ultrapassar gerações e impactar bastante gente. Claro que observo que meus sons estão impactando as gerações Z e Millennial, trazendo um sentimento de saudosismo. Mas o rock e o pop rock estão aí para aqueles que se sentem desconfortáveis com questões da sociedade, que têm algo a dizer. É uma forma de manifestação, expressão e rebeldia. Esse é o meu público e ouvinte. Pessoas rasas e sem opinião própria NÃO se encaixam no meu propósito como artista.
FRS: Como você avalia o cenário do pop/rock alternativo no Brasil hoje? Acha que está mais receptivo a artistas independentes?
Sofia Keith: Eu vejo uma movimentação agora que antes estava mais adormecida. Tem uma porrada de artista independente nas redes batalhando pra conquistar seu espaço. Porém, mesmo o cenário estando receptivo em alguns aspectos, infelizmente a indústria musical aqui do BR tá complicada. Priorizam muito mais tendência do que identidade e qualidade.
No exterior, o rock continua bem vivo. Óbvio que voltando de uma forma diferente, mas ainda assim tem representatividade e espaço. Já aqui, sinto que está engatinhando para voltar às paradas.
Além disso, eu vejo um enorme problema nas redes sociais também, porque, por mais que ajude (e MUITO) com questões como visibilidade, ao mesmo tempo tornou o consumo extremamente volátil. E música não é isso, né? Sinto que a galera não presta mais atenção no que está consumindo. Será que alguma hora essa ficha vai cair? Com a IA por aí, vai ser cada vez mais necessário conteúdos relevantes e menos superficiais. E não me entenda mal: eu adoro beat, AMO dancinhas e trends, mas não podemos ficar só nisso, cara…
É contraditório, porque vejo uma galera que reclama que falta alma nas músicas, mas “na hora do vamo vê” não apoia quem está batalhando pra manter essa questão em pé! Enfim, fica aqui a minha reflexão e esperança de que esse problema se resolva logo.
FRS: Há algum artista com quem você sonha em colaborar?
Sofia Keith: Já que você falou em sonhar, eu vou sonhar KKKKKK. Seria insano colaborar com a Olivia Rodrigo. Essa menina arrasa muito! E aqui do BR, eu admiro demais a artista independente Clarissa, e seria incrível fazer algo com a Mariana Nolasco ou o Di Ferrero!
FRS: O que podemos esperar da Sofia Keith nos próximos meses? Vem aí um EP ou álbum?
Sofia Keith: KKKKKK olha, estou planejando um EP e, sobre a temática dele: dei um spoiler no decorrer dessas perguntas :))
E gratidão pelo convite! Desejo muito sucesso pra Female Rock Squad! Tamo junto ❤️🔥
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Sofia Keith - Foto: divulgação |
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