BEAT durante show em São Paulo - Foto: Ingrid Natalie

Virtuosismo e energia marcam a apresentação inesquecível do supergrupo Beat no Espaço Unimed

Texto: Ingrid Natalie (instagram: @femalerocksquad)

Presenciar músicos virtuosos compartilhando o mesmo palco é um privilégio imensurável. Essa foi a sensação de quem esteve no Espaço Unimed, em São Paulo, na última sexta-feira (09), para conferir o show da banda Beat. O supergrupo reúne Adrian Belew e Tony Levin, do King Crimson, o aclamado guitarrista Steve Vai e Danny Carey, o enérgico baterista do Tool.

O espetáculo trouxe releituras magníficas de três dos mais icônicos e influentes álbuns do King Crimson lançados nos anos 80: "Discipline" (1981), "Beat" (1982) e "Three of a Perfect Pair" (1984). A performance impecável e a sinergia entre os músicos fizeram da noite uma verdadeira celebração da música progressiva.

INICIO ARREBATADOR

O show teve início às 22h, e já na abertura com "Neurotica", os sons de sirenes, apitos e elaborados riffs indicavam que seria uma performance intensa. O groove pulsante e o balanço de "Neal and Jack and Me" elevaram ainda mais a animação do público, que permaneceu empolgado ao som de "Heartbeat" e "Sartori in Tangier".

O BRILHO DE 'THREE OF A PERFECT PAIR' NO PALCO

Para a segunda parte da apresentação, o álbum Three of a Perfect Pair foi privilegiado. Em "Dig Me", vimos Adrian Belew e Danny Carey brilharem em seus instrumentos. Ambas as músicas, "Model Man" e "Man With An Open Heart", têm uma sonoridade que funciona muito bem ao vivo, com sua guitarra ritmada e refrão impactante. Na conclusão, "Industry" estabeleceu uma atmosfera mais psicodélica ao show e "Lark's Tongue In Aspic, Pt III" surpreendeu com a execução técnica da banda.

Steve Vai e Adrian Belew - Foto: Ingrid Natalie

ROCK PROGRESSIVO NA VEIA 

Experimentar o rock progressivo ao vivo é bastante interessante por trazer várias texturas sonoras e ritmos muitas vezes não convencionais. Isso ficou evidente em "Waiting Man", e especialmente em "The Sheltering Sky" e "Matte Kudasai", com o longo trecho de sintetizador que criou uma atmosfera etérea e envolvente. O som contínuo e quase hipnótico contribuiu para a sensação de paisagem sonora ampla e meditativa.

Tony Levin - Foto: Ingrid Natalie

Destaque também para as músicas "Sleepless", "Frame By Frame" e "Elephant Talk", que se sobressaíram pela complexidade instrumental e, ao mesmo tempo, por serem dançantes, com uma harmonia precisa entre guitarra e baixo.

Danny Carey - Foto: Ingrid Natalie

ENCONRE MEMORÁVEL 

Para finalizar o show, a banda escolheu as músicas "Red" e "Thela Hun Ginjeet". Escolhas muito bem feitas visto que "Red", apesar de instrumental, é considerada uma das composições mais icônicas da e mostra o lado mais agressivo e sombrio do King Crimson. "Thela Hun Ginjeet" por sua vez, é energética e emana uma fusão de rock progressivo com elementos de world music e funk. Os fãs ainda evocaram o coro de "parabéns pra você" em homenagem ao aniversário do baterista Danny Carey.

Ao final, o público deixou o Espaço Unimed com a certeza de ter presenciado uma noite histórica. A união de músicos tão talentosos, revisitando obras-primas do rock progressivo com tanta precisão e paixão, fez da apresentação uma celebração inesquecível da música e da técnica instrumental.

O supergrupo mostrou que, mesmo após décadas, as composições do King Crimson continuam pulsando com força e frescor no palco. Mais do que um show, foi uma verdadeira aula de virtuosismo e criatividade, encantando tanto fãs antigos quanto novos admiradores.

Quem esteve presente não esquecerá tão cedo a intensidade desse encontro musical memorável, coroado com talento, energia e emoção.

SETLIST

• Neurotica
• Neal And Jack And Me
• Heartbeat
• Sartori in Tangier
• Dig me 
• Model Man
• Man With And Open Heart
• Industry
• Larks' Tongues In Aspic, Pt. III
• Waiting Man
• The Sheltering Sky
• Sleepless
• Frame By Frame
• Matte Kudasai
• Elephant Talk
• Three Of A Perfect Pair
• Indiscipline

• Red
• Thela Hun Ginjeet