“Em Outra Frequência”: a jornada de Priscilla Leine entre música, cura e alma
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Crédito Foto: Osvaldo César |
A autora estreia com um livro que mistura rock, espiritualidade e exercícios práticos, convidando leitores a transformar dor em força interior
Por: Ingrid Natalie (Instagram: @femalerocksquad)
Em Em Outra Frequência, sua obra de estreia, a escritora, curadora e jornalista musical Priscilla Leine transforma vivências pessoais e coletivas em um convite de reconexão com a alma, unindo música, espiritualidade e autoconhecimento. Através de capítulos que mesclam experiências reais, mensagens reflexivas e uma trilha sonora poderosa, o livro conduz o leitor a um mergulho interior, estimulando a transformação da dor em potência. Mais do que palavras, cada página é acompanhada por canções que atuam como bússolas emocionais, guiando o processo de cura e expansão de consciência. Nesta entrevista, Priscilla compartilha os bastidores da obra, o papel do rock e do metal como caminhos de autoconhecimento e a importância de transformar a própria jornada em inspiração para outras pessoas.
FRS: Em que momento você sentiu que precisava transformar sua relação com a música em um livro de autoconhecimento?
Priscilla: A música não foi exatamente o início do processo, ela é parte de todo o processo, pois sempre esteve atrelada a mim em tudo que vivo. Eu não poderia nunca pensar em escrever um livro sem ter a música junto. A ideia do livro veio de experiências pessoais e coletivas (compartilhadas comigo) de altos e baixos e busca por propósito e força interior.
Eu sempre fui “a conselheira” e, de tanto ouvir isso, entendi que fazia sentido criar um guia para pessoas que estão passando por situações semelhantes e, assim, ser útil para um público maior. O livro é um suporte para quem enfrenta sozinho crises emocionais e existenciais. E a música é o elo que conecta o leitor entre seu eu atual e o que ele quer alcançar.
FRS: Como foi o processo de selecionar as canções que compõem a trilha de Em Outra Frequência? Alguma música foi indispensável desde o início?
Priscilla: De início foi fácil, porque eu comecei buscando músicas que foram meu apoio emocional em momentos difíceis, mas depois foi ficando complicado à medida que eu precisei selecionar qual ia entrar e qual ia deixar de fora.
A música indispensável, sem dúvida, é aquela que abre “Em Outra Frequência”: Presence of Mind, da banda Dynazty. Ela resume a jornada expressa no livro ao afirmar que é justamente no momento em que estamos quebrados que surge a oportunidade de nos abrirmos e descobrirmos que tudo o que precisamos para sermos mais fortes está dentro de nós.
“This is where we crash and burn
This is where we start to learn
Ground zero this fear of your
Presence of mind”
Ela é, literalmente, o marco zero, mas também a faixa que guia toda a ideia de “Em Outra Frequência”.
FRS: O livro une rock/metal a reflexões sobre cura e propósito. Como você enxerga a força desse gênero musical como ferramenta de autoconhecimento?
Priscilla: A música é um mergulho em nossa essência e em nossas emoções. Ela ecoa no coletivo como um grito que muitas pessoas não conseguem colocar pra fora. E cada gênero tem uma característica nesse sentido. Pensando nisso, a playlist de “Em Outra Frequência” traz desde metalcore, metal sinfônico, hard rock melódico até o prog/power metal. Estilos que focam bastante em temáticas de dor e redenção em suas letras.
O metalcore é ótimo em expressar a crueza da dor e da dúvida, o sinfônico é meio que uma apaziguador de sentimentos, é o estilo que nos faz refletir, alcançar camadas superiores de pensamento e equilibrar a frequência. Já o prog/power nos joga de volta à vida real, mas com um pezinho no mundo superior. O hard rock melódico, eu creio que engloba tudo isso com louvor, porque é a sonoridade que transmite força tanto na energia do som quanto nas mensagens de empoderamento.
FRS: Cada capítulo traz atividades para o leitor registrar sua jornada. Como surgiu a ideia de incluir essa parte mais interativa?
Priscilla: “Em Outra Frequência” foi criado para ser um livro simples, fluído e interativo para que mesmo pessoas sem hábito de leitura possam mergulhar nele. Nisso, ele é constituído de 3 elementos fundamentais: a música, o texto explicativo e o exercício. A música ambienta o leitor quanto às emoções que ele vai se deparar no capítulo; em seguida, vem o texto para fazê-lo refletir sobre como pode mudar sua vida e, ao final, vem um exercício para que ele comece a colocar as ideias em prática, confrontando a si mesmo. Assim, o livro sai da teoria da autoajuda e provoca o leitor a agir em prol dessa mudança.
FRS: Durante a escrita, houve alguma música ou capítulo que funcionou como uma catarse para você mesma?
Priscilla: Creio que todo o processo de construção do livro foi uma catarse. A escrita sempre foi o meu modo de lidar com os meus problemas e sentimentos desde criança. O ponto crucial aqui foi que, dessa vez, eu não guardei os textos para mim, mas ousei jogá-los para o mundo. É a ideia de sair de um ciclo e entrar em outro agindo diferente para receber algo diferente.
FRS: O livro também se destaca pelo trabalho gráfico e visual. Qual foi a importância dessa parte artística na experiência que você queria proporcionar?
Priscilla: Ah você está me fazendo dar spoilers do epílogo rsrs Mas a ideia é trazer visões de diferentes artistas para o mesmo tema. Através de sua arte e sua percepção de mundo, cada um expressou como vê a jornada cíclica da vida. Nisso, busquei artistas com estilos completamente diferentes: Julie Araújo (fez a capa), Ramiro Barros e Luiz Queiroz (fizeram as artes internas), que trouxeram em tintas, arte digital e colagens a sua versão. A ideia é mostrar que a jornada não é igual para todo mundo e que cabe a você mesmo ser o protagonista desse processo.
Até eu me arrisquei e inclui um desenho meu. E, um detalhe curioso é que a ilustração que criei é uma junção de fatos que me aconteceram enquanto eu escrevia o livro (o contato com pássaros, sinos e os dias de inverno). Mas assim que concluí tudo, a exata cena que eu desenhei aconteceu no mundo real com todos os elementos impressos no papel como uma premonição do futuro.
FRS: Que tipo de transformação você espera que os leitores encontrem ao final da leitura?
Priscilla: Mudar de frequência é colocar a mente em lugares fora do usual e compreender que transformar a percepção e a forma como se enfrentam as dificuldades depende apenas de cada um. Desejo que, ao final da leitura, as pessoas compreendam como podem exercitar seus pensamentos no dia a dia e transformar isso em uma rotina, tornando-se emocionalmente mais fortes; que adquiram consciência do poder que existe dentro de si para serem agentes de sua própria transformação.
FRS: Você já pensa em uma continuação ou em novos projetos que sigam esse caminho entre música, espiritualidade e escrita?
Priscilla: Penso sim, ainda não tenho muito claro em minha mente os caminhos que devo seguir. Tenho recebido feedbacks dos leitores e estou tentando me guiar por isso. Talvez entender quais os assuntos que geram maior interesse e aprofundar num livro específico ou, quem sabe, focar mais no aspecto musical como já faço no meu projeto “O Jardim Sonoro”. Realmente, é algo que ainda estou descobrindo, mas ideias não faltam.
Priscilla Leine nas redes sociais:
Site oficial: https://ojardimsonoro.com/
Instagram: https://www.instagram.com/jardim_sonoro
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